Editorial
O futebol repercute violências
Estamos no "mês da mulher", no qual muita coisa é falada em termos de igualdade, respeito, valorização e luta contra os abusos. No entanto, a vida real, fora da postagem com fins de publicidade e engajamento, é bem diferente, todo mundo sabe. Um dos meios mais masculinos que existem é o futebol e, enquanto a luta pela presença feminina nesse meio é sempre lenta, principalmente dentro dos clubes (nas arquibancadas, pelo menos, muito evoluiu nos últimos anos), muitos absurdos foram repercutidos ainda dentro deste mês.
Três casos envolvendo futebolistas e estupro são manchete já há um bom tempo a nível nacional. O mais em evidência é o caso Robinho, que deve ser julgado hoje no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Para quem não lembra, o ex-atleta foi condenado a nove anos de prisão por estupro na Itália. Fugiu para o Brasil, que agora avalia se a pena será cumprida aqui. Desde o final de semana ele vem dando entrevistas e fazendo publicações se colocando no papel de uma vítima de conspiração. O que é curioso, já que a promotoria italiana tem diversos áudios dele admitindo o crime e até debochando da vítima em ligações a amigos.
Houve recentemente a condenação do também ex-atleta da Seleção, Daniel Alves, na Espanha. Depois de trocar tantas vezes de versão, ele admitiu o "sem querer querendo" do crime e agora, nem um mês depois, já pede liberdade provisória. É mais um caso em que a vítima é constantemente reagredida: sua acusação, suas intenções, sua denúncia, tudo é colocado em cheque. Ela em nenhum momento quis aparecer, quis dinheiro, quis acordo.Só queria justiça. Ainda assim, repercute constantemente a família e pessoas próximas ao ex-jogador e outros sem noção atacando a moça. Espera-se que pelo menos o judiciário espanhol não cometa mais uma violência.
E, por fim, há o caso Cuca que, depois de quatro décadas, resolveu procurar "solução" para sua condenação na Suíça por um crime que, obviamente, já prescreveu. Ele não foi inocentado, apenas teve a anulação de sentença e impossibilidade de um novo julgamento. Recentemente, fez um discurso sobre o caso.
O mundo é violento demais com as mulheres e, infelizmente, um dos meios mais populares que existem, o futebol, repercute em nível igual ou até maior este tanto de absurdos. Precisamos cada vez mais inserir pensamento crítico e respeito como atividades de formação de atletas. Só assim para estancar violências constantes.
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